Pesquisas indicam que a Febre Mayaro está circulando no Rio de Janeiro e no interior de São Paulo. Doença é transmitida pela picada de mosquito Haemagogus Janthinomys, que vive na mata. Preocupação é que ele possa se adaptar e ser transmitido também pelo Aedes Aegypti.
De onde surgiu o nome ‘Mayaro’?
Nas ilhas de Trinidad e Tobago existe uma cidade chamada Mayaro, onde o vírus foi isolado pela primeira vez, na década de 50. Foi daí que surgiu o nome da doença.
O vírus é transmitido pelo mosquito silvestre Haemagogus Janthinomys e endêmico (tem presença contínua) na Amazônia. A preocupação dos especialistas é que o Vírus Mayaro se adapte ao meio urbano e passe também a ser transmitido pelo Aedes Aegypti, vetor de doenças como a Dengue, Zika e Chikungunya.
Nas áreas em que o vírus circula naturalmente, um ser humano, que é considerado um hospedeiro acidental, está sujeito a contraí-lo principalmente entre 9h e 16h, horário em que o vetor está mais ativo. Foi isolado também em primatas não humanos (PNH) e em aves migratórias nos Estados Unidos. Posteriormente, pesquisadores da Universidade da Flórida (EUA) identificaram o Vírus Mayaro no Haiti, num garoto com febre e dores abdominais, que apresentou resultados negativos para testes específicos para Chikungunya e Zika. Esse achado sugere que o Mayaro pode estar se espalhando pelo continente americano.
Os sintomas da Febre Mayaro são semelhantes aos da Chikungunya. Não há vacina para nenhuma das doenças.
O Ministério da Saúde afirma que não há casos registrados da Febre Mayaro no país. O órgão ressalta, no entanto, que o diagnóstico da Febre Mayaro pode ser confundido com o de Chikungunya.
No Rio de Janeiro, onde há evidências de que a Febre Mayaro contaminou três pacientes, a incidência da Chikungunya aumentou.
De janeiro até o início de maio de 2018, foram 106 casos prováveis de Chikungunya a cada 100 mil habitantes. Em 2019, no mesmo período, a taxa ficou em 121,8 casos prováveis a cada 100 mil habitantes - aumento de quase 15%.
Em números absolutos, o estado do Rio já registrou 20,9 mil casos prováveis de Chikungunya até 4 de maio de 2019. No mesmo período de 2018, o número era de 18,2 mil.
Enquanto surgem evidências sobre a Febre Mayaro, casos de Dengue e Zika continuam a crescer no país.
Houve um aumento de 403,7% nos casos prováveis de dengue neste ano, se comparado ao mesmo período do ano passado, segundo o Ministério da Saúde. A maior incidência é no estado de Minas Gerais, com 1 mil casos a cada 100 mil habitantes.
Já a Zika teve aumento de 7,3%. O estado com maior incidência é o Tocantins, com 46,3 casos a cada 100 mil habitantes.
Ensaios em laboratório já demonstraram que os mosquitos Aedes Aegypti e Aedes Albopictus podem ser vetores do Mayaro. O fato de viverem próximos do homem e de se adaptarem facilmente ao ambiente urbano representa risco maior de se tornarem vetores envolvidos na disseminação da infecção pelo Mayaro. Além disso, as pesquisas também indicam que outros gêneros de mosquitos (Culex, Sabethes, Psorophora) podem espalhar esse vírus entre os habitantes de cidades atualmente fora da área de risco.
Sintomas de doenças transmitidas por mosquitos — Foto: Rodrigo Sanches e Diana Yukari/G1
Dengue
Transmissão: picada do Aedes aegypti
Proliferação: água parada
Sintomas: febre alta (acima de 38ºC); dores musculares intensas; dor ao movimentar os olhos; mal estar; falta de apetite; dor de cabeça; manchas vermelhas no corpo
Duração: 2 a 7 dias
Complicações: dor abdominal; vômitos; sangramentos nas mucosas
Prevenção: evitar a proliferação do mosquito
Vacina: só na rede privada. É indicada para quem já teve dengue
Zika
Transmissão: picada do Aedes aegypti; sexo sem proteção; mãe para o feto na gravidez
Proliferação: água parada
Sintomas: febre baixa; dor de cabeça; dores no corpo e nas juntas; manchas vermelhas no corpo; olho vermelho
Duração: 3 a 7 dias
Complicações: encefalite; Síndrome de Guillain-Barré; doenças neurológicas; microcefalia
Prevenção: evitar a proliferação do mosquito
Vacina: não tem
Chikungunya
Transmissão: picada do Aedes aegypti
Proliferação: água parada
Sintomas: febre alta (acima de 38°C); pele e olhos avermelhados; coceira; dores no corpo e articulações (joelhos e pulsos); dor de cabeça
Duração: até 15 dias
Complicações: encefalite; Síndrome de Guillain-Barré; complicações neurológicas
Prevenção: evitar a proliferação do mosquito
Vacina: não tem
Mayaro
Transmissão: picada do Haemagogus janthinomys
Proliferação: copa de árvores; mata
Sintomas: febre alta (acima de 38ºC); dor de cabeça; dor muscular; dor e inchaço nas articulações; manchas no corpo
Duração: até 15 dias
Complicações: encefalite; artrite crônica
Prevenção: evitar a proliferação do mosquito; evitar área de mata
Vacina: não tem
Não há casos de transmissão entre humanos.
Evidências de Febre Mayaro no Sudeste
No Rio, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) confirmaram a presença do Vírus Mayaro em casos autóctones (de pessoas que não viajaram e se contaminaram no próprio estado) analisando a sorologia de três pacientes que se infectaram em 2015. Os testes deram positivo para Vírus Mayaro.
Em São Paulo, pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) analisaram amostras de sangue de doadores de São Carlos e também encontraram anticorpos para o Vírus Mayaro.
Tipos
Existem dois tipos de Vírus MAYV, responsável pela Febre Mayaro.
- Vírus tipo D: mais concentrado hoje na região do Pará
- Vírus tipo L: espelhado no norte da América do Sul, em países como Venezuela, Peru, Colômbia e mais recentemente na Argentina.
Apesar de serem vírus geneticamente diferentes, seus sintomas são semelhantes.
No entanto, com as mutações que o vírus pode estar sofrendo, é possível que outros tipos apareçam.
Referências
AZEVEDO S. S. A. R. et al. Mayaro Fever Virus, Brazilian Amazon. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2857233/
Serra et al., 2016. Mayaro virus and dengue virus 1 and 4 natural infection in culicids from Cuiabá, state of Mato Grosso, Brazil. Mem Inst Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Vol. 111(1): 20-29,
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